A Enfermagem do Distrito Federal sempre esteve na vanguarda das novas especialidades e tecnologias aplicadas à profissão. Desta vez, não é diferente. A Câmara Técnica de Atenção à Saúde (CTAS) se reuniu com integrantes da Câmara Técnica de Legislação e Normas (CTLN) do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), na quarta e quinta-feira (19 e 20/5), para discutir a minuta de resolução para regulamentar as competências do enfermeiro especialista em genética e genômica. O documento será submetido ao plenário do Cofen em junho para deliberação.
“A regulamentação trará mais segurança para os profissionais especializados”, afirma a coordenadora da CTAS, Mayra Gonçalves. “É uma conquista para os enfermeiros que atuam neste campo, relativamente recente”, avalia. A reunião foi realizada em formato híbrido, em razão da pandemia, com participação da coordenadora da CTLN, Cleide Mazuela, das integrantes da CTAS Mayra Gonçalves, Carmen Lupi e Silvia Helena Santos, e dos representantes a Sociedade Brasileira de Genética e Genômica, Érika Monteiro e Rodrigo Araújo, que são de Brasília e membros da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Genética e Genômica (SBEGG).
Segundo Rodrigo, a atuação do enfermeiro em genética e genômica começou no Brasil em 1988, com o aconselhamento genético de gestantes em idade avançada. Dez anos depois, foi lançada pela ISONG (International Society of Nurses in Genetics), o “Scope and Standards of Genetic Clinical Nursing”, que propôs, pela primeira vez, diretrizes norteadoras para o trabalho do enfermeiro na área e estabeleceu níveis de competências. No mesmo ano, a primeira enfermeira brasileira participava da ISONG.
Em 2001, duas enfermeiras começaram a trabalhar com pesquisa em oncogenética e no estabelecimento do Registro de Câncer Colorretal Hereditário, respectivamente no Departamento de Oncogenética e Departamento de Cirurgia Pélvica no Hospital A.C.Camargo. Já em 2002, foi criado o serviço de Aconselhamento Genético Reprodutivo da Universidade Federal de São Paulo, coordenado por uma enfermeira. Houve a criação de uma Sociedade para enfermeiros na área e o primeiro Congresso Científico. Entretanto, estas iniciativas perderam-se ao sabor das dificuldades dos anos.
Nos últimos anos, houve grandes transformações na profissão, compatível com os grandes avanços no conhecimento em genética e genômica: a Resolução n.º 468/2014, do Cofen, normatizou a atuação do Enfermeiro em Aconselhamento Genético, e a nº 570/2018, reconheceu a especialidade. Em 2015, nasceu a BEGG, que já realizou cinco congressos e um encontro na área. Em 2020, ocorreu a titulação dos primeiros dez especialistas enfermeiros em genética e genômica do Brasil.