A Frente Única da Enfermagem (FUEnf) vem por meio desta nota declarar seu apoio ao lockdown decretado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) neste momento, por entender que a medida é extremamente necessária, pois o sistema de saúde do DF está em colapso.
O lockdown neste momento é extremamente necessário, mas, sozinho, não será efetivo, deixando a população refém dessa ação tão radical. É necessário planejamento responsável e medidas como vacinação, rastreamento, isolamento dos casos confirmados, testagem em massa, aumento da frota no transporte público, auxilio emergencial para a população carente, acessibilidade de empréstimo para pequenas e médias empresas, estabilidade no emprego e coibir, de fato, aglomerações e atividades desnecessárias.
O lockdown só será eficaz somado a ações estratégicas que ajudem a frear um número ainda maior de mortes, de modo a evitar que a situação vivida pela população do Amazonas se repita em plena capital do país.
Apoiar o lockdown não nos impede de criticar a falta de planejamento do GDF. Depois de um ano de pandemia, deixar que o sistema de saúde pública chegue à beira do colapso é algo inadmissível. Falta gestão, compromisso e estratégia no combate à pandemia e quem paga o prejuízo pelas falhas dos nossos governantes é a população, mais uma vez obrigada a se submeter a medidas tão radicais.
Infelizmente, as unidades de saúde estão superlotadas de pacientes com sintomas respiratórios, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) estão com taxa de ocupação próxima a 100% e os profissionais da linha de frente estão no limite também. A enfermagem e outras categorias já acumulam centenas de mortes, além das sequelas físicas e psicológicas deixadas na saúde desses trabalhadores.
A alegação de que o lockdown não funciona é falsa. Em todos os lugares que foi feito da maneira correta, onde a população se corresponsabilizou, a medida achatou a curva de contaminação e permitiu ao sistema de saúde se adaptar e absorver a demanda de pacientes. Países que adotaram essa estratégia, como a Nova Zelândia e Austrália, já voltaram à vida normal, com prejuízos econômicos menores do que o que estamos enfrentando no Brasil.
Não estamos falando apenas dos pacientes com Covid-19. Quando o sistema de saúde entra em colapso, falta leito, atendimento e medicamento para o bebê prematuro, para o hipertenso, para o diabético, para quem sofrer um acidente de carro ou até mesmo para quem simplesmente tiver uma apendicite. Por isso, o lockdown só será efetivo se estiver atrelado às medidas listadas no início da nota.
Brasília, 1º de março de 2021.
Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal
Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal
Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Distrito Federal
Associação Brasileira de Enfermagem – Seção DF