O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-DF) aprovou na última Reunião Ordinária de Plenária (ROP), no dia (13) de dezembro de 2019, o Parecer Técnico que trata da autonomia ao Enfermeiro em ministrar o choque cardíaco pelo multiparamétrico – na ausência do Desfibrilador Externo Automático (DEA). Este foi o último a ser aprovado totalizando 25 Pareceres em 2019.
Após solicitação de uma profissional Enfermeira requerendo análise e parecer a respeito da autonomia do profissional da categoria em manusear o choque cardíaco pelo monitor multiparamétrico, a Câmara Técnica de Assistência (CTA) aprovou em Plenária o Parecer sobre este tema. Entre os questionamentos da profissional estava a autonomia do enfermeiro em monitorizar, avaliar, carregar e manusear o choque cardíaco pelo monitor multiparamétrico.
A desfibrilação é a aplicação de uma corrente elétrica através do músculo cardíaco durante um período breve, com o objetivo de eliminar um ritmo elétrico cardíaco anormal, provocando uma assistolia temporária. A desfibrilação também é conhecida como choque não sincronizado ou choque assíncrono, pois a energia liberada não é sincronizada com despolarização ventricular (traduzida no eletrocardiograma como complexo QRS).
Portanto, no âmbito da equipe de enfermagem, o CTA do Coren-DF entendeu que o enfermeiro possui autonomia para avaliar o paciente, identificar a situação de uma PCR e analisar o ritmo cardíaco com um desfibrilador externo automático (DEA) ou com sua função incorporada aos monitores/desfibriladores manuais mais modernos que possuírem tal complemento e, assim, administrar o choque no paciente de forma segura para si e os demais integrantes do atendimento. A câmara acentua ainda que há lacuna na formação acadêmica no tocante à autonomia do profissional enfermeiro em realizar todas as etapas necessárias para a aplicação da desfibrilação com pás manuais e operador-dependente da leitura e interpretação de um ECG, de forma rotineira em serviços de emergência.
A CTA afirma que o enfermeiro, devidamente capacitado em cursos de Suporte Avançado de Vida e Interpretação de ECG, que monitorizar o paciente em PCREH e parada cardiorrespiratória intrahospitalar (PCRIH) com pás manuais, pode realizar a leitura e interpretação do traçado eletrocardiográfico e identificar corretamente FV/TVSP poderá em situação de exceção, isto é, na ausência de um médico e de um DEA, administrar a desfibrilação retomando imediatamente as compressões torácicas e demais medidas de suporte à vida, seguindo rigorosamente os mais recentes protocolos de RCP vigentes. O profissional deve registrar o fato em relatório, utilizando-se da Sistematização da Assistência de Enfermagem para respaldo técnico-científico e mediante protocolo institucional.
Atuação da CTA
A Câmara Técnica de Assistência (CTA), criada pelo Plenário do Coren-DF, é um órgão colegiado de natureza consultiva e analítica que visa discutir, planejar, orientar, implementar, avaliar e dar apoio técnico e científico aos Pareceres e respostas técnico-administrativas de cunho ético, técnico, gerencial, de ensino e pesquisa pertinentes ao exercício da Enfermagem em todos os graus de habilitação.
Recentemente os membros da CTA comemoraram os 43 Pareceres aprovados nos anos de 2018 e 2019. Além disso, estabeleceram em reunião, algumas demandas para 2020, como a revisão dos critérios para revisão dos Pareceres Técnicos dos anos anteriores, agenda de reuniões, organização interna da Comissão: membros, coordenador e secretário, além de discutir a aprovação de um novo Parecer.
O Parecer Técnico é uma recomendação, relatório circunstanciado, esclarecimento técnico ou opinião fundamentada, manifestada por enfermeiro, a respeito de dúvida sobre atribuições e competências do profissional de enfermagem.