Na última sexta-feira (24), uma profissional de Enfermagem foi agredida na UPA 1 de Ceilândia. Apenas quatro dias depois, nesta terça-feira (28), outra profissional de Enfermagem foi agredida no mesmo lugar. Em outubro, já havia acontetido outros dois casos de agressão contra servidores na unidade.
Diante da onda de violência e da falta de providências por parte das autoridades competentes por garantir a segurança da equipe, o Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) estuda a necessidade de decretar a intervenção ética do serviço de Enfermagem na UPA de Ceilândia.
“Essa situação é inaceitável, ultrapassou todos os limites e não vamos tolerar violência desenfreada. Se a gestão não garantir a segurança da equipe, vamos tomar providências drásticas, para assegurar a integridade física da categoria. Estão esperando morrer algum servidor para anunciar um programa de segurança nos serviços públicos de saúde? Chega”, declara o presidente do Coren-DF, Elissandro Noronha.
Os casos se repetem praticamente da mesma forma, como conta a técnica de Enfermagem Solange Santos, que foi agredida nesta terça-feira (28). “Fui registrar o ponto e acabei sendo surpreendida por uma acompanhante, ao retornar para a sala. A senhora me abordou dizendo que seu filho, um paciente psiquiátrico, iria se jogar da janela. Quando perguntei onde estava o garoto para ajudá-lo, a mãe do paciente avançou em mim e me agrediu, desferindo diversos xingamentos e afirmando que eu tinha destratado os dois no dia anterior. Entretanto, eu não estava de plantão no dia anterior, nem lá estava”, afirma.
Na sexta-feira (24), outra técnica de Enfermagem também foi agredida por uma paciente psiquiátrica que estava internada na UPA. Em maio de 2022, a SES-DF expediu uma nota técnica sobre os critérios de regulação para internação por transtornos mentais e comportamentais. A nota diz que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) também devem realizar o acolhimento e manejo inicial dos quadros de alterações comportamentais. Após 24 horas de observação, os que não tiveram condições de alta, devem continuar o cuidado nos serviços hospitalares de sua região de saúde, salvo os casos já referenciados para as unidades especializadas.
“Criaram um fluxo de pacientes psiquiátricos na unidade, sem a estrutura adequada e os insumos necessários para atendê-los. Desta forma, a população não consegue resolver seus problemas e algumas pessoas se revoltam, descontam nas servidoras e servidores, que não têm culpa. É um grave problema de gestão”, considera o secretário do Coren-DF, Alberto César.
Importante registrar que já foi anunciada a abertura de atendimento pediátrico nas UPAs. Essa medida causa preocupação, uma vez que evidentemente não existe segurança técnica para expansão do serviço.
A interdição ética do serviço de Enfermagem em unidades de saúde é uma medida drástica, adotada em regime excepcional, diante de situações de inequívoca insegurança técnica para trabalhadores e risco iminente para pacientes.