No decurso de um mês, o Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) realizou duas fiscalizações no Hospital Universitário de Brasília (HUB), para verificar o fluxo de atendimento dos pacientes com sintomas respiratórios e as condições de segurança e qualificação da equipe de Enfermagem que atua na linha de frente.
A primeira fiscalização foi realizada no dia 22 de abril. Nesta visita, foi constatado o uso de máscaras artesanais por parte dos servidores, sem garantia de procedência e segurança. Embora a instituição tenha alegado que a confecção das máscaras tenha seguido as diretrizes técnicas estipuladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), testes com aerossol feitos pela equipe do Coren-DF evidenciaram que o material não é impermeável e acontece a passagem de gotículas com facilidade. Além de ser fabricada com material inadequado, a anatomia das máscaras era irregular e os elásticos machucavam as orelhas dos servidores. Na segunda visita, realizada dia 20 de maio, o Coren-DF verificou que todos os servidores usavam máscaras cirúrgicas e esse problema havia sido resolvido.
Na clínica médica/cirúrgica e UTI adulto, também foi verificado que o fornecimento de máscaras N95 está condicionado ao preenchimento do documento denominado “Formulário de Solicitação de Máscaras N95”, que serve como uma requisição para o Serviço de Vigilância em Saúde. O departamento avalia o perfil do paciente que será atendido, confirma a necessidade do EPI e envia autorização para o almoxarifado liberar para o profissional que fez a solicitação. Contudo, os profissionais relatam que enfrentam dificuldades para conseguir a liberação ou troca deste EPI, mesmo quando fica comprovado que não existem mais condições de uso.
Um problema grave é a falta de testagem. “Tive contato com pacientes e profissionais que depois tiveram diagnóstico confirmado para Covid-19. Entretanto, como não apresentava sintomas, minha testagem foi negada. Isso é triste, pois sabemos que podemos ser portadores do vírus sem apresentar sintomas”, alega uma enfermeira que pediu para não ser identificada. Embora o direito a testagem a cada 15 dias esteja assegurada por lei e decisão judicial, a maioria das instituições no DF ainda está descumprindo essa determinação.
Em linhas gerais, a instituição conta com 289 enfermeiros, 562 técnicos e 226 auxiliares em Enfermagem. Embora esteja publicado na intranet do HUB, falta divulgação e a maioria dos profissionais alega desconhecer o plano de contingência, protocolos institucionais, fluxo de atendimento e outras normas importantes. Nesse sentido, a fiscalização considera fundamental maior assiduidade na leitura e aprendizado sobre as normas da instituição, para aplica-las na prática com segurança.
Após constatar essas irregularidades, o Coren-DF elaborou um relatório circunstanciado com uma série de orientações técnicas para a correção dos procedimentos. A fiscalização voltará à unidade para verificar o cumprimento das normas.