Os dados de janeiro não são animadores e Brasília já se prepara para enfrentar um novo surto de dengue. Apenas no primeiro mês do ano, foram registrados 1.419 casos, o que representa aumento de 84% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para atender essa demanda crescente, a Secretaria de Saúde começou a instalar tendas de atendimento exclusivo a pacientes com suspeita da doença nos hospitais e postos de saúde. Nesses serviços, os profissionais da enfermagem são protagonistas. Atuam tanto no acolhimento quanto na solicitação de exames e prescrição de medicamentos a pacientes que precisam de atendimento.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Dr. Marcos Wesley, enfermeiros possuem formação, habilitação e competência para resolver este e outros problemas de saúde pública, mas precisam de incentivos e amparo legal do governo. “O atendimento a pacientes com suspeita de dengue mostra como a autonomia da equipe de enfermagem é importante para garantir o atendimento à população. A legislação federal permite que enfermeiros prescrevam medicamentos e solicitem exames desde 1986, mas a instituição de saúde precisa autorizar a rotina e definir os protocolos. Nossos profissionais dependem de um posicionamento claro do governo nesse sentido, para trabalhar com segurança”, frisa.
Representantes do Coren-DF e do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro) estiveram nas tendas que foram montadas no Hospital Regional do Guará (HRGu) e no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) para verificar as condições de prestação do serviço. “Fomos bem recebidos pelas enfermeiras, que nos explicaram como o atendimento é realizado. Sobra trabalho e falta reconhecimento. O que a enfermagem faz de bom ainda não aparece na mídia. Mas sinto que isso está mudando”, considera Dr. Marcos Wesley.
Para as entidades que representam a enfermagem em Brasília, é importante que a Secretaria de Saúde esclareça a população em que situações enfermeiros podem solicitar exames e prescrever medicamentos, para dar respaldo ao trabalho dos profissionais. “Seria prudente o governo chamar a categoria para dialogar sobre esse assunto, para dar legitimidade às equipes que estão na linha de frente. A dengue e outras doenças vão chegar com força e precisamos estar preparados. Na base da improvisação não pode ser”, finaliza Dr. Marcos Wesley.