A importância do Sistema Único de Saúde (SUS) que nos últimos 30 anos já atendeu mais de 100 milhões de brasileiros e o protagonismo da Enfermagem em seu funcionamento, foram abordados em palestra ministrada no CBCENF pelo médico, professor e ex-presidente da Associação Brasileira de Saúde, Dr. Gastão Wagner, nesta quinta-feira (29).
Segundo ele, o apoio dos profissionais da saúde para evitar o desmonte do Sistema é imprescindível. Ele defende que o SUS deve ser uma política pública para a nação, independente dos governantes. “O SUS é resiliente e a sua assistência concreta é nossa força. A esperança somos nós que defendemos a cidadania, a democracia e o direito universal à saúde”, comentou.
Hoje, 75% dos brasileiros utilizam exclusivamente o SUS e 50% dos usuários utilizam regularmente a atenção primária, que há 18 anos era abrangia apenas 4% da população.
Gastão comentou ainda, sobre as vitórias conseguidas por meio do Sistema Único na atenção primária e em determinadas áreas, como o tratamento do diabetes e do câncer de mama, e reforçou a necessidade de continuarmos nos espelhando em outros sistemas públicos e universais de saúde para fortalecer o atendimento multiprofissional, a promoção e prevenção à saúde, autocuidado, redes e atendimento contínuo.
O SUS, ao longo de sua história, tem sido subfinanciado, e enfrentado problemas de gestão e de pessoal. O congelamento das verbas federais nos próximos 20 anos já prevê fortes consequências no sistema, ainda maior do sofrido nos últimos três anos. “Para reverter esse cenário precisamos unir os trabalhadores da saúde, fortalecer os movimentos sociais e buscar apoio social e político. Temos que alcançar o público, atingir a mídia e falar de políticas públicas”, alertou Gastão. E complementou emocionado “precisamos ser bons profissionais e incorporar a escuta ao próximo, mas também fazer ativismo pelo SUS”.
Mesmo preocupado com o cenário, o médico se mostra esperançoso, e afirma que a desconstrução do SUS é uma barbárie, e que só os movimentos sociais, como os de luta pelos de direitos da mulher e contra o racismo poderão defender a integralidade, universalidade e equidade da oferta de serviços de saúde. Somente os movimentos sociais serão capazes de não deixar o país regredir