Em grande parte das organizações de saúde, a enfermagem está se tornando líder de movimentos ligados à qualidade e segurança do paciente. Prova disso é que boa parte dos gestores de qualidade e dos gerentes e coordenadores dos núcleos de segurança do paciente é formada por enfermeiros.
“A enfermagem tem evoluído e não se limita apenas a técnicas e procedimentos. Atualmente, com seu avanço técnico-científico, o enfermeiro assume papel de liderança, gerenciando sua equipe em várias dimensões”, diz Marcia Martins, diretora técnica de serviço da divisão de enfermagem do Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP).
“Ser enfermeira do setor da qualidade e segurança do paciente exige o manejo adequado para lidar com os demais profissionais, que, algumas vezes, por não terem a cultura da segurança totalmente compreendida, adotam posturas defensivas e a compreensão e resolução de um processo inadequado fica prejudicada”, diz Beatriz Seignemartin da Silveira, enfermeira da Qualidade do Hospital Vida, em Maceió, Alagoas.
Esse novo papel da enfermagem é relativamente novo e tem se tornado mais presente desde 2013, quando se instituiu a obrigatoriedade de todo hospital ter um núcleo voltado à gestão da segurança do paciente. “É um campo de trabalho que exige muita responsabilidade e visão crítica dos processos que acontecem no ambiente de trabalho”, afirma Beatriz.
Esse papel de liderança se deve ao fato do grande contato dos enfermeiros com os pacientes. “A enfermagem é o olho e ouvido e tato dos profissionais, pois é ela quem está ao lado do paciente durante todo o tempo, é ela que o toca, quem compartilha os momentos e conversas mais periódicas com a família”, diz Maria Júlia Paes da Silva, enfermeira e professora titular aposentada da Escola de Enfermagem da USP, com livre-docência em comunicação interpessoal. Isso ajuda, sem dúvidas, a observar os pontos de atenção e propor melhorias.