Na abertura da 78ª Semana Brasileira de Enfermagem, na última sexta-feira, 12 de maio, ficou evidente a indisposição da categoria com a política local e federal. O tom inicial foi dado pela poetisa Onã Silva, presidente da Academia Internacional de Poetas e Escritores de Enfermagem (IPÊ), que declamou o cordel de sua autoria “Sai pra lá com essa OS, a saúde do povo agradece”, que desaprova a contratação de organizações sociais para gerir a Saúde do DF.
Para o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Gilney Guerra, é imprescindível que os profissionais de enfermagem se mobilizem politicamente. “Este auditório tinha de estar lotado, assim como deveriam ser nossas manifestações. A união das entidades não basta”, criticou. Guerra também destacou que a mobilização política pode refletir no campo científico.
O dirigente mencionou a liminar que suspendeu a Resolução Cofen 529/2016, que prevê a atuação do enfermeiro na estética. “Tivemos esse revés recentemente, mas o Conselho Federal de Enfermagem vai recorrer. A estética também é um campo de atuação da enfermagem. Precisamos nos posicionar. Foi assim também a resolução sobre acupuntura. Defendemos nossa profissão e, hoje, o enfermeiro pode atuar na área”, completou.
Importante para quem?
O vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do DF (Sindate-DF), Jorge Vianna, reclamou dos discursos vazios dos governantes. “Esses políticos falam que a enfermagem é importante ‘porque é importante’… Se fôssemos importantes, a gente não teria que implorar por um projeto de descanso digno e de aposentadoria”, indignou-se.
Já o deputado distrital Chico Vigilante (PT), autor do projeto de lei sobre o descanso digno para a enfermagem, teceu várias críticas sobre as modificações na legislação trabalhista, em análise pelo Congresso Nacional, que ampliam a terceirização. “Em um hospital, só limpeza e vigilância são terceirizadas, às vezes a lavanderia. Com as mudanças que querem fazer, a assistência também vai poder ser terceirizada, vai precarizar ainda mais o atendimento.”
Também participaram do evento a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do DF, Dayse Amarílio; o coordenador de Atenção Primária da Secretaria de Saúde, Marcus Quito, representando o secretário de Saúde; a diretora de enfermagem da SES-DF, Josethe Gonçalves; e a representante da faculdade Unyleya, Suzana Assis. A presidente da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben-DF), Rosalina Sudo, presidiu a mesa de abertura.