O presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Gilney Guerra, palestrou aos participantes do I Fórum Segurança Medicamentosa do Paciente, realizado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, na última terça-feira, 29 de novembro. A convite da instituição, Guerra comparou dados da pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil com o cenário atual da formação dos profissionais de saúde.
O estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a pedido do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) revelou que, apesar de os dados indicarem um alto índice de acesso a informação técnico-científica, principalmente pela internet (90,3%), o profissional enfrenta problemas para o aprimoramento profissional, como falta de condições financeiras (17,9%) e falta de tempo e estímulo (15,7%), o que demonstra a escassez de pessoal qualificado. O presidente do Coren-DF destacou ainda que, insatisfeitos com a área da saúde, alguns profissionais optam por uma segunda graduação buscando oportunidade melhor no mercado de trabalho.
Sobre o uso da tecnologia como ferramenta de ensino, Gilney Guerra abordou a falta de capacitação adequada no módulo de educação a distância (EAD) no ensino de enfermagem. No fim de 2015, o Cofen realizou operações de vistoria em instituições que oferecem essa modalidade e observou a precariedade dos polos presenciais, sem laboratórios, bibliotecas ou condições mínimas de apoio – a maioria não oferece sequer condições práticas de estágio supervisionado.
“Como presidente do Conselho Regional de Enfermagem, posso afirmar que a maioria dos processos éticos no Coren-DF em relação a erros envolvem a administração de medicamentos e podem ter ligação com a formação educacional”, afirmou Guerra, concluindo que “o método EAD deve ser usado como aprimoramento e não como formação integral do enfermeiro”.
Ao ser questionado por participante do fórum sobre a atuação do conselho no ensino a distância, Guerra respondeu que a autarquia não pode interferir na atuação do Ministério da Educação, mas o Cofen e os Regionais se uniram e realizaram audiências públicas para debater o assunto. O presidente mencionou ainda o Projeto de Lei 2.891/2015, que tramita na Câmara dos Deputados para incluir, na lei que regulamenta o exercício da enfermagem, artigo que exige formação exclusiva em cursos presenciais.
O fórum discutiu os fatores que impactam a segurança medicamentosa dos pacientes em tratamento das doenças crônicas e a importância da farmacovigilância, além de propostas para que o paciente seja devidamente informado e tenha autonomia quanto ao tratamento.