Em resposta à crescente resistência a antibióticos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, no fim de agosto, novas diretrizes para o tratamento de sífilis, clamídia e gonorreia. As bactérias que causam essas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) estão se tornando mais difíceis de ser tratadas por conta da falta de diagnóstico e do uso errado ou excessivo de antibióticos. O organismo internacional estima que, anualmente, 131 milhões de pessoas são infectadas com clamídia, 78 milhões com gonorreia e 5,6 milhões com sífilis.
Problemas de saúde associados às três ISTs afetam principalmente as mulheres e podem ter consequências no longo prazo. Doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e aborto estão entre as complicações, que também incluem infertilidade tanto no público feminino quanto no masculino. A OMS alerta ainda que clamídia, gonorreia e sífilis podem duplicar ou triplicar o risco de infecção pelo vírus HIV, causador da Aids. Quando não tratadas durante a gravidez, elas aumentam o risco de partos de natimortos e morte neonatal.
A OMS pede aos países para usar as diretrizes atualizadas imediatamente, tal como recomendado na “Estratégia do Setor de Saúde Global de Infecções Sexualmente transmissíveis (2016-2021)”, endossadas pelos governos na Assembleia Mundial da Saúde em maio de 2016. As novas diretrizes também estão em linha com o “Plano de ação global sobre a resistência antimicrobiana”, adotada pelos governos na Assembleia Mundial da Saúde em maio de 2015. A organização ressalta ainda que profissionais de saúde devem informar aos pacientes que o uso de preservativo, quando usado da forma correta e constante, é a melhor e mais segura forma de prevenção contra ISTs.
Gonorreia
A agência de saúde da ONU destaca que, devido ao aumento da resistência de antibióticos, medicamentos mais antigos e baratos não têm surtido efeito para tratar gonorreia. A recomendação às autoridades de saúde é que utilizem a droga mais eficaz contra a doença, de acordo com as diretrizes locais, e desaconselha a prescrição das quinolonas, uma classe de antibióticos que tem se mostrado ineficaz em numerosas ocorrências.
Sífilis
Para curar a sífilis, as novas orientações da OMS recomendam fortemente uma única dose de penicilina benzatina – o antibiótico deve ser injetado por um médico ou enfermeiro na nádega ou nos músculos da coxa do paciente infectado. Esse é a terapia considerada mais eficaz para a sífilis e mais barata que os antibióticos orais.
Clamídia
Uma das mais frequentes doenças bacterianas transmitidas por via sexual. Pessoas com clamídia são frequentemente coinfectadas com gonorreia. Os sintomas incluem sangramento e sensação de ardor ao urinar, mas a maioria dos pacientes não apresenta sintomas. Mesmo nos casos assintomáticos, o maior risco são danos ao sistema reprodutivo.
IST ou DST?
De acordo com protocolo clínico do Ministério da Saúde, a terminologia infecções sexualmente transmissíveis (IST) passa a ser adotada em substituição à expressão doenças sexualmente transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. A nomenclatura já é utilizada pela OMS, pela Organização Pan-americana da Saúde (Opas) e pela sociedade científica.