Os dados do Distrito Federal relativos à pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, a maior já realizada na América Latina, foram divulgados nesta terça-feira, 30 de junho, no auditório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O levantamento inédito revela vários aspectos da enfermagem do Distrito Federal, como perfil socioeconômico, formação profissional, mercado de trabalho, condições do ambiente laboral e acesso à informação técnico-científica.
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Gilney Guerra, destacou números sobre a qualificação profissional e o nível salarial dos profissionais do Distrito Federal. Para ele, as informações coletadas na pesquisa vão embasar políticas públicas distritais. “O Perfil da Enfermagem do DF vai ajudar o conselho e entidades de classe a exigir melhorias para a categoria e fortalecer nossos argumentos para exigir políticas públicas de qualidade”, comentou.
Perfil brasileiro
Os dados nacionais do estudo, divulgados em maio, revelam composição predominantemente feminina das equipes de enfermagem (84,6% de mulheres), mas se observa crescimento da presença masculina na área desde o início da década de 1990. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a enfermagem representa metade dos 3,5 milhões de trabalhadores da área da saúde no País. O levantamento da Fiocruz foi realizado em todas as unidades da Federação e em aproximadamente 50% dos municípios brasileiros, abrangendo profissionais na ativa e aposentados.
Dados do Distrito Federal
Há quase 44 mil profissionais de enfermagem no Distrito Federal. Os enfermeiros são 24,9% desse contingente, e os auxiliares e técnicos de enfermagem são 75,1%. Quase 50% dos entrevistados se declarou parda, 35,6% branca, 8,6% preta e 0,4% afirmou ser indígena. De acordo com a coordenadora-geral da pesquisa, Maria Helena Machado, a masculinização observada no perfil nacional também está presente no Distrito Federal. A equipe de enfermagem é composta por 85,6% de mulheres e 14,1% de homens.
Mais da metade dos trabalhadores de enfermagem está empregada no setor público (52,1%); cerca de 30%, no setor privado. Entretanto, 15% dos entrevistados relataram situação de desemprego nos últimos 12 meses – é o maior índice de desemprego da região Centro-Oeste. A dificuldade de encontrar emprego foi apontada por 61% dos profissionais.
Baixos salários
Considerando a renda mensal de todos os empregos e atividades que a equipe de enfermagem exerce, a pesquisa constatou um elevado percentual de pessoas (13,3%) que declararam ter renda total mensal de até mil reais, ou seja, estão na condição de subsalário.
A maioria dos profissionais da enfermagem (60,2%) tem apenas uma atividade/trabalho. Os quatro grandes setores de empregabilidade da enfermagem (público, privado, filantrópico e ensino) apresentam subsalários. O privado (32,1%), o de ensino (10,6%), o filantrópico (9,6%) e o público (1,5%) praticam salários com valores de até R$ 1.000.
Violência e discriminação
Quanto às condições em serviço, apenas 22,2% dos profissionais se sentem protegidos contra violência no ambiente de trabalho. A violência psicológica foi a mais apontada no estudo. Além da violência, 14,4% declararam haver discriminação no ambiente de trabalho, principalmente de gênero.
Formação profissional
O desejo de se qualificar é um anseio de mais de 80% dos profissionais de enfermagem do Distrito Federal. Quase 34% dos trabalhadores de nível médio (técnicos e auxiliares) apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, isto é, com nível superior completo ou incompleto. Dos profissionais que cursaram faculdade, metade se graduou em Enfermagem.
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