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Governo lança campanha contra racismo no SUS

O governo lançou campanha publicitária para combater o racismo no Sistema Único de Saúde (SUS). Com o slogan “Racismo faz mal à saúde. Denuncie!”, a iniciativa busca envolver a sociedade brasileira e profissionais da rede pública de saúde na luta contra a discriminação pela cor da pele no setor.

A criação da campanha foi motivada por relatos de discriminação e números que revelam a expressão do racismo no SUS. Dados do Ministério da Saúde indicam que uma mulher negra recebe menos tempo de atendimento médico do que uma mulher branca. Os números mostram que, enquanto 46,2% das mulheres brancas tiveram acompanhante no parto, apenas 27% das negras usaram esse direito. Outro levantamento revela que 77,7% das mulheres brancas foram orientadas sobre a importância do aleitamento materno, enquanto 62,5% das mulheres negras receberam essa informação.

As pessoas podem denunciar qualquer situação de racismo que tenham presenciado por meio do Disque Saúde 136, além de se informar sobre doenças mais comuns entre a população negra e que exigem maior acompanhamento, como a doença falciforme e o diabetes tipo 2.

Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, é preciso conscientizar os profissionais de saúde da rede pública sobre a existência do racismo institucional e a necessidade de combatê-lo, além de enfrentar mitos como o de que o negro é mais resistente à dor e, por isso, não precisa de medicação para aliviar o sofrimento. “Não podemos tolerar o preconceito ou nenhuma forma de racismo na saúde”, pontuou.


Repúdio dos médicos

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou, nesta quinta-feira, 27 de novembro, nota de repúdio à campanha contra o racismo no SUS. A classe médica disse que a campanha tem tom racista e “desconsidera problemas estruturais que afetam toda a população”.

Para o secretário do CFM, Sidnei Ferreira, o problema do SUS está longe de ser o racismo. “Com essa campanha, o Ministério da Saúde insinua que o médico e os outros profissionais diferenciam pela raça, fazem um apartheid, diferenciando o negro do branco. Morrem negros, brancos, morenos e amarelos porque o governo não cuida da saúde pública”, declarou.

O Ministério da Saúde divulgou nota na noite da quinta-feira (27/11) comentando as declarações do CFM. No texto, o ministério reafirma que o SUS “não tolera o racismo ou qualquer atitude discriminatória” e que a campanha “reconhece que o racismo no Brasil está expresso em suas mais diversas formas e áreas”.

“Além da dimensão histórica, que mostra que as condições socioeconômicas da população negra se refletem em índices como morte materna, infantil e violência, bem como na dificuldade de acesso a serviços de saúde, há o racismo institucional. Nesse caso, dados revelam que os negros são atendidos em consultas com tempo reduzido, o uso de anestesia é menor nos partos e, em alguns casos, a abordagem aos pacientes não é ética ou respeitosa. Assim como acontece de pessoas que chegam aos serviços de saúde e não querem ser atendidas por profissionais negros. Ou seja, dentro das mesmas condições, há atendimento diferenciado entre brancos e negros”, informou a nota.

Segundo o ministério, a campanha atende a uma demanda do movimento negro. “As centenas de comentários preconceituosos postados nas redes sociais da pasta em resposta à ação reforçam que é necessário enfrentar esse tema.”

 

Com informações da Agência Brasil.