Como parte do trabalho de prevenção à dengue, o Ministério da Saúde implantou um cartão de atendimento específico para todos os pacientes que deram entrada em hospitais e postos médicos com a suspeita da doença.
Segundo o ministro Alexandre Padilha, 400 mil cartões distribuídos em todo o Brasil. O objetivo é que haja continuidade no acompanhamento da doença para que ela não evolua para casos mais graves.
“Quando a pessoa chegar ao posto de saúde com suspeita de dengue, recebe o cartão no seu primeiro atendimento onde vai constar o que foi feito e, nos seus retornos e acompanhamento, qualquer profissional vai saber que a pessoa tem a suspeita. Isso vai fazer com que os cuidados sejam tomados de forma mais rápido e evita que os casos fiquem mais graves”, afirmou o ministro.
Em reunião nesta quinta-feira com representantes de operadoras de planos de saúde, o ministro afirmou que “há um risco real de epidemia de dengue no país”.
Padilha apresentou o sistema de cartão para acompanhamento da doença e sugeriu que as empresas também adotassem o mecanismo. Ele também pediu que as operadoras priorizem o atendimento de pacientes com suspeitas de dengue.
“É importante que toda a rede suplementar esteja integrada e qualificada para esse atendimento e que as operadoras nos ajudem a informar seus profissionais e médicos. Que eles tenham acesso ao protocolo de atendimento que explica como atender um caso de dengue no Brasil. E que [as operadoras] organizem seu serviço, assim como a rede pública está fazendo, para atender de forma prioritária qualquer pessoa que tenha suspeita de dengue”, afirmou Padilha.
Outra medida adotada, que será lançada oficialmente em fevereiro, é a atualização do protocolo de atendimento da doença, que já está sendo distribuído a todos os médicos e unidades hospitalares do país.
O protocolo é baseado em sinais e sintomas que podem ser identificados em atendimento básico.
“Achamos que temos que fazer uma atualização permanente com os profissionais que atendem os pacientes. A dengue tem comportamento diferente ao longos dos anos ela pode se acometer ou se apresentar de formas diferentes ao longo dos anos. Por isso, o Ministério da Saúde está reeditando um protocolo atualizado de atendimento”, afirmou Padilha.
ESTUDO
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o índice de letalidade da doença em 2010 foi de 4,1% –o mais alto desde 1999. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 1%.
O órgão investigou 94 mortes que ocorreram em seis Estados que concentraram 70% das mortes em 2010. O estudo apontou que em 65% dessas mortes, o paciente procurou duas ou mais unidades diferentes para o atendimento. No entanto, segundo o ministério, os dados são preliminares e não é possível afirmar se o paciente procurou um segundo atendimento porque no primeiro não houve diagnóstico ou se foi encaminhado para uma outra unidade.
O levantamento também mostra que 14% dos casos foram atendidos em unidades primárias e 51% tiveram suspeita clínica de dengue no primeiro atendimento.
RISCO
O Ministério da Saúde divulgou na quarta-feira (19) que 16 Estados têm risco muito alto de ter surto de dengue. São eles Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. São Paulo tem risco moderado.
Os casos nessas cidades serão monitorados semanalmente e as mortes, diariamente. No ano passado, foram registrados cerca de 1 milhão de casos de dengue e 673 pessoas morreram.
O plano de contingência do governo prevê reuniões de mobilização com os secretários de Saúde dos 16 Estados com alto risco de epidemia, empresários, operadoras de planos de saúde, entidades religiosas, sindicalistas, além da divulgação do protocolo de atendimento a paciente com dengue aos profissionais de saúde.
Fonte: Folha.com