Diante da notícia de que a Casa de Parto de São Sebastião será desativada, moradores da cidade satélite organizaram protesto, no último dia 24, para reivindicar a decisão. Na oportunidade o Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) se fez presente através dos conselheiros Leon Denis e Ricardo Falluh, que manifestaram apoio à comunidade local e garantiram, se necessário, tomar providências jurídicas para a permanência da Casa.
A determinação de desativar o estabelecimento é da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, com base em uma recomendação feita pelo Ministério Público e no Conselho Federal de Medicina (CFM). A medida deverá ocorrer no próximo mês, quando os oito enfermeiros da unidade serão transferidos para o Hospital Regional do Paranoá (HRPA). Isso significa que, a partir de abril, as gestantes que entrarem em trabalho de parto em casa terão de ligar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os médicos da ambulância atenderão as parturientes, como normalmente ocorre em todo o DF.
{pgslideshow id=81|width=400|height=300|delay=3000|image=L} |
A possibilidade de mudança trouxe desconforto para muitas mulheres de São Sebastião, principalmente para aquelas que não dispõem de carro particular e dependem de ônibus para se deslocar. De acordo com a Secretaria de Saúde, a falta de especialistas e o déficit de aparelhos médicos necessários para procedimentos de urgência impedem a Casa de Parto de continuar as atividades. Na visão do presidente do Conselho Regional de Saúde, Vilson Mesquita, porém, com o fechamento da casa, as gestantes de São Sebastião passam a correr risco dobrado, uma vez que elas terão de se deslocar para o Paranoá quando entrarem em trabalho de parto.
Segundo a coordenadora da instituição, Gerusa Amaral de Medeiros, a distância de São Sebastião para o Paranoá é de 20Km. Além disso, a partir de 19 h, não há transporte público para o Paranoá, o que complica ainda mais a situação. Portanto, o ideal seria investir no local, enviando médicos para trabalhar junto às enfermeiras, e não deixar a comunidade sem assistência.
Também presente na manifestação, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) solicitou cópia das recomendações do Ministério Público para a devida análise e posterior tomada de providências.
Casa de Parto – A Casa de Parto foi inaugurada em 2001 e ocupa uma dependência da Unidade Mista de Saúde da cidade. Tem como missão humanizar o atendimento das gestantes e facilitar o acesso das mães. Desde então, cerca de 5 mil bebês nasceram no local. Segundo Gerusa, a média é de 20 partos e 500 atendimentos mensais. Até o ano passado, 11 médicos obstetras acompanhavam o nascimento de crianças na unidade, mas todos eles foram remanejados para o Hospital do Paranoá.
Operação humanizada – Os chamados Centros de Parto Normal foram criados por meio da Portaria de Nº 985/611 do Ministério da Saúde, publicada em agosto de 1999 no Diário Oficial. Pelo documento, não há a obrigação dessas casas de partos serem vinculadas a hospitais, assim como não há a exigência de um médico. Atualmente, existem 14 unidades desse tipo no Brasil. O parto humanizado é muito valorizado em países como Japão, França e Países Baixos. No Brasil, a proposta ainda enfrenta muitas críticas e é alvo de discussões entre enfermeiros e médicos. A ideia é diminuir as cesarianas, as medicações e as intervenções desnecessárias, assim como permitir que as parturientes decidam sobre seu próprio corpo.
*Com informações do Correio Braziliense